
Aquele responsável realçou ainda que «até agora, se não fosse a sociedade civil, nas suas organizações, e a Igreja Católica porque tem sob a sua orientação o maior número de instituições em Portugal, a situação seria muito mais dramática». Críticas que surgiram no seguimento de uma análise ao primeiro ano de funcionamento do Fundo Social Solidário (FSS), criado pela Conferência Episcopal Portuguesa para «prestar ajudas de emergência a situações de maior gravidade».
A partir da acção conjunta da Caritas Portuguesa, da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Sociedade São Vicente de Paulo e da Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos, foi possível canalizar cerca de 323 mil euros para a resolução de necessidades básicas de mais de 3 mil pessoas e 1300 famílias. No entanto, para Eugénio da Fonseca, estes esforços revelam-se uma gota no oceano, já que «só em 2010 registou-se uma subida de 30 a 40 por cento no número de novos pedidos de ajuda». «Temos a Segurança Social sem recursos para este tipo de apoios mais diretos e portanto, tudo tem sido mais difícil», realçou.
Há depois «casos que não têm muitas vezes a ver com falta de verbas, mas sim com burocracias incontornáveis, que complicam a solução dos problemas», acrescentou. Neste âmbito, uma das áreas mais difíceis de atender tem sido «o acolhimento a pessoas em situação de grande dependência, sobretudo na área da saúde mental». Segundo Eugénio da Fonseca, «a crise tem vindo a acarretar dificuldades a muitas pessoas no campo psíquico, que têm dificuldades em aceitar a situação em que ficaram e facilmente caem na depressão».
A Cáritas Portuguesa arrancou mesmo com um «programa de inter-ajuda pessoal», para que os mais atingidos possam fazer terapia de grupo, libertem tensões e busquem soluções para os seus problemas. No actual contexto, o presidente daquele organismo teme mesmo que a pressão da crise, a juntar a uma falta de políticas efectivas, venha a revelar-se uma ameaça para a «convivência colectiva» no país.
«Um dos saldos desta crise terá de ser uma mudança de vida, e no caso concreto de Portugal, que vive mais das ajudas externas do que aquilo que é capaz de produzir, ainda mais», concluiu.
Origem: Família Cristã