BEM VINDO À ASSOCIAÇÃO NOVA ESPERANÇA

BEM VINDO À NOVA ESPERANÇA

A "Associação de Leigos Nova Esperança" é uma expressão pastoral da Paróquia da Baixa da Banheira. A força de acção que lhe dá vida é totalmente voluntária. Os seus elementos, de diferentes faixas etárias, com variadas categorias profissionais, completam o puzzle do "amor ao próximo" no encontro com múltiplas situações sociais, de dor humana, marginalidade, pobreza, desemprego, toxicodependência, de falta de habitação e de bens essenciais à vida.
O encontro dos elementos desta Associação com aqueles que nos batem à porta, acontece num clima de vida, de uma nova esperança, de dignidade, tendo como pano de fundo o olhar terno e meigo de Deus.


BENTO XVI ENCONTROU-SE COM AS ORGANIZAÇÕES DA PASTORAL SOCIAL


Igreja da SS.ma Trindade - Fátima Quinta-feira, 13 de Maio de 2010


Saudação das "Organizações da Pastoral Social"

É uma feliz responsabilidade, esta de saudar Vossa Santidade, em nome de tantos agentes de organizações sociais aqui convocados. Manifesto a alegria que todos sentimos quando soubemos que o Santo Padre queria encontrar-se connosco.

Tem diante pessoas que aceitaram a lógica do dom e da gratuidade e sentem paixão pelo que fazem, movidas por diversas fontes espirituais e optando por diferentes estilos de acção. Vivem uma entrega ao serviço dos outros mais necessitados e feridos, doentes e pessoas com deficiência, presos, migrantes e abandonados; lutam pela defesa dos direitos humanos, pela paz, pela salvaguarda da criação. Para muitos e muitas esta dedicação decorre da consciência baptismal e do acolhimento da dimensão diaconal de toda a Igreja. Fazem-no com determinação e desejam cada vez mais abrir-se a caminhos inovadores.

Junto do Sucessor de Pedro, queremos renovar a nossa liberdade interior: para darmos mais viva expressão às entranhas de misericórdia do nosso Deus, sem sermos escravos das coisas, para nos abrirmos a uma leitura crente da realidade social, para trabalharmos em rede de comunhão, para sermos felizes na austeridade que os tempos exigem.

Santo Padre: seguimos, com muita atenção, o magistério firme e pleno de actualidade, luminoso e renovador da nossa acção. Agradecemos, hoje, a vizinhança da Vossa palavra de sabedoria evangélica que nos move e desinstala, nos centra no essencial da fé cristã e nos lança permanentes apelos ao testemunho corajoso no âmbito pastoral, social e político.

Neste momento crítico que a humanidade vive, insegura sobre o futuro, queremos agradecer a clareza com que nos propõe a dimensão pública e política da caridade, como nos ensina que a procura da verdade se apoia no amor e nos convida a todos para sermos “cooperadores da verdade”.

Aguardamos de Vossa Santidade uma Palavra profética, nesta hora carregada de apreensões, em que verificamos: pobreza inumana, desemprego crescente, domínio de gente sem uma rota espiritual. Renove os apelos de Cristo Bom Samaritano: retire-nos do fatalismo que acomoda e convoque-nos para uma compaixão que dignifica, para uma ternura que cuida, para uma escuta que valoriza, para uma esperança que acompanha.

Anime a nossa vontade de sermos servidores-lideres, muito unidos ao “humilde servidor da vinha do Senhor”, ao Pastor universal que queremos escutar.

+ Carlos Moreira Azevedo
Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social


DISCURSO DO PAPA BENTO XVI

Queridos irmãos e amigos,

Ouvistes Jesus dizer: «Vai e faz o mesmo» (Lc 10, 37). Recomenda-nos que façamos nosso o estilo do bom samaritano, cujo exemplo acaba de ser proclamado, ao aproximar-nos das situações carentes de ajuda fraterna. E qual é esse estilo? «É “um coração que vê”. Este coração vê onde há necessidade de amor e actua em consequência» (Bento XVI, Enc. Deus caritas est, 31). Assim fez o bom samaritano. Jesus não se limita a recomendar; como ensinam os Santos Padres, o Bom Samaritano é Ele, que Se faz próximo de todos os homens e «derrama sobre as suas feridas o óleo da consolação e o vinho da esperança» (Missal Romano, Prefácio Comum VIII) e os conduz à estalagem, que é a Igreja, onde os faz tratar, confiando-os aos seus ministros e pagando pessoalmente de antemão pela cura. «Vai e faz o mesmo»! O amor incondicionado de Jesus que nos curou há-de converter-se em amor entregue gratuita e generosamente, através da justiça e da caridade, para vivermos com um coração de bom samaritano.

É com grande alegria que me encontro convosco neste lugar bendito que Deus escolheu para recordar à humanidade, através de Nossa Senhora, os seus desígnios de amor misericordioso. Saúdo com grande amizade cada pessoa aqui presente e as entidades a que pertencem, na diversidade de rostos unidos na reflexão das questões sociais e sobretudo na prática da compaixão, voltada para os pobres, os doentes, os presos, os sós e desamparados, as pessoas com deficiência, as crianças e os idosos, os migrantes, os desempregados e os sujeitos a carências que lhes perturbam a dignidade de pessoas livres. Obrigado, Dom Carlos Azevedo, pelo preito de união e fidelidade à Igreja e ao Papa que prestou tanto da parte desta assembleia da caridade como da Comissão Episcopal de Pastoral Social a que preside e que não cessa de estimular esta imensa sementeira de bem-fazer em Portugal inteiro. Cientes, como Igreja, de não poderdes dar soluções práticas a todos os problemas concretos, mas despojados de qualquer tipo de poder, determinados ao serviço do bem comum, estais prontos a ajudar e a oferecer os meios de salvação a todos.

Queridos irmãos e irmãs que operais no vasto mundo da caridade, «Cristo ensina-nos que “Deus é amor” (1 Jo 4, 8) e simultaneamente ensina-nos que a lei fundamental da perfeição humana e, consequentemente, também da transformação do mundo é o novo mandamento do amor. Portanto aqueles que crêem na caridade divina têm a certeza d’Ele que a estrada da caridade está aberta a todos os homens» (Conc. Ecum. Vaticano II, Const. Gaudium et spes, 38). O cenário actual da história é de crise sócio-económica, cultural e espiritual, pondo em evidência a oportunidade de um discernimento orientado pela proposta criativa da mensagem social da Igreja. O estudo da sua doutrina social, que assume como principal força e princípio a caridade, permitirá marcar um processo de desenvolvimento humano integral que adquira profundidade de coração e alcance maior humanização da sociedade (cf. Bento XVI, Enc. Caritas in veritate, 20). Não se trata de puro conhecimento intelectual, mas de uma sabedoria que dê sabor e tempero, ofereça criatividade às vias cognoscitivas e operativas para enfrentar tão ampla e complexa crise. Que as instituições da Igreja, unidas a todas as organizações não eclesiais, melhorem as suas capacidades de conhecimento e orientações para uma nova e grandiosa dinâmica que conduza para «aquela civilização do amor, cuja semente Deus colocou em todo o povo e cultura» (Ibid., 33).

Na sua dimensão social e política, esta diaconia da caridade é própria dos leigos, chamados a promover organicamente o bem comum, a justiça e a configurar rectamente a vida social (cf. Bento XVI, Enc. Deus caritas est, 29). Consta das vossas conclusões pastorais, resultantes de reflexões recentes, formar uma nova geração de líderes servidores. A atracção de novos agentes leigos para este campo pastoral merecerá certamente especial cuidado dos pastores, atentos ao futuro. Quem aprende de Deus Amor será inevitavelmente pessoa para os outros. Realmente, «o amor de Deus revela-se na responsabilidade pelo outro» (Bento XVI, Enc. Spe salvi, 28). Unidos a Cristo na sua consagração ao Pai, somos tomados pela sua compaixão pelas multidões que pedem justiça e solidariedade e, como o bom samaritano da parábola, esforçamo-nos por dar respostas concretas e generosas.

Muitas vezes, porém, não é fácil conseguir uma síntese satisfatória da vida espiritual com a acção apostólica. A pressão exercida pela cultura dominante, que apresenta com insistência um estilo de vida fundado sobre a lei do mais forte, sobre o lucro fácil e fascinante, acaba por influir sobre o nosso modo de pensar, os nossos projectos e as perspectivas do nosso serviço, com o risco de esvaziá-los da motivação da fé e da esperança cristã que os tinha suscitado. Os pedidos numerosos e prementes de ajuda e amparo que nos dirigem os pobres e marginalizados da sociedade impelem-nos a buscar soluções que estejam na lógica da eficácia, do efeito visível e da publicidade. E todavia a referida síntese é absolutamente necessária para poderdes, amados irmãos, servir Cristo na humanidade que vos espera. Neste mundo dividido, impõe-se a todos uma profunda e autêntica unidade de coração, de espírito e de acção.

No meio de tantas instituições sociais que servem o bem comum, próximas de populações carenciadas, contam-se as da Igreja Católica. Importa que seja clara a sua orientação de modo a assumirem uma identidade bem patente: na inspiração dos seus objectivos, na escolha dos seus recursos humanos, nos métodos de actuação, na qualidade dos seus serviços, na gestão séria e eficaz dos meios. A firmeza da identidade das instituições é um serviço real, com grandes vantagens para os que dele beneficiam. Passo fundamental, além da identidade e unido a ela, é conceder à actividade caritativa cristã autonomia e independência da política e das ideologias (cf. Bento XVI, Enc. Deus caritas est, 31 b), ainda que em cooperação com organismos do Estado para atingir fins comuns.
As vossas actividades assistenciais, educativas ou caritativas sejam completadas com projectos de liberdade que promovam o ser humano, na busca da fraternidade universal. Aqui se situa o urgente empenhamento dos cristãos na defesa dos direitos humanos, preocupados com a totalidade da pessoa humana nas suas diversas dimensões. Exprimo profundo apreço a todas aquelas iniciativas sociais e pastorais que procuram lutar contra os mecanismos sócio-económicos e culturais que levam ao aborto e que têm em vista a defesa da vida e a reconciliação e cura das pessoas feridas pelo drama do aborto. As iniciativas que visam tutelar os valores essenciais e primários da vida, desde a sua concepção, e da família, fundada sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher, ajudam a responder a alguns dos mais insidiosos e perigosos desafios que hoje se colocam ao bem comum. Tais iniciativas constituem, juntamente com muitas outras formas de compromisso, elementos essenciais para a construção da civilização do amor.

Tudo isto bem se enquadra na mensagem de Nossa Senhora que ressoa neste lugar: a penitência, a oração, o perdão que visa a conversão dos corações. Esta é a estrada para se construir a referida civilização do amor, cujas sementes Deus lançou no coração de todo o homem e que a fé em Cristo Salvador faz germinar.

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